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30 de julho de 2007


Terminou o XV Juegos Pan-Americanos.. Bonito! Interessante! Diria até que bem organizado no seu todo, descontando umas bobagenzinhas aqui e ali..
Bom para atletas sentirem seus limites, comparar suas atuações, buscar o melhor dos treinamentos transformando-os em resultados.
Uma coisa que me desagradou foi no final, quando o presidente do COB foi pródigo nos elogios (ninguem me tira da cabeça que o Pan foi um degrau para sua candidatura a ODEPA) e não minimizou, mas desprezou as falhas e algumas realidades que podem incomodar, mas que é necessário discutir, avaliar e desenvolver planejamentos.

Primeiro: o nível da competição. Tivemos excelentes resultados, novas marcas, atletas se superando para quebrar recordes. Natação em destaque nesse aspecto.
Mas tivemos atletas displicentes, atuando para o "gasto", se acomodando na obtenção de uma medalha e não no desafio de superar limites.
Chegamos ao ponto de atleta perder a segunda colocação por desacelerar numa corrida antes do final. Um atleta travestido de comentarista ainda disse que o atleta não compete contra os demais, mas contra o relógio, contra seus limites.
Falou bobagem da grossa pelo próprio exemplo que dei.
Não podemos fazer "vista grossa" ao fato que algumas equipes foram compostas por atletas em formação, que vieram mais para aprender, pegar o "timing" de competição do que lutar pelos primeiros lugares. Isso ficou evidente demais no caso dos Estados Unidos.

Segundo: A triste falta de educação do povo, se portando de forma lamentável em algumas ocasiões. Não critico o povo, mas sim a organização que não soube aproveitar o momento para "educar" aqueles que não estão acostumados a competições que não sejam os esportes coletivos.
Exceção talvez tenha sido o hipismo, onde a locução pedia para a assistência se manter em silêncio durante as provas.
Critico sim, ex e atuais atletas brasileiros que não só concordaram com a postura da platéia como incentivaram vaias para atrapalhar a performance de outros atletas e, no cúmulo, participaram dessa postura tão pouco civilizada.
Os organizadores, mídia, etc, deviam lembrar aos que não se portaram que o COI avalia tambem a acolhida que atletas e delegações terão em futuros eventos para decidir se aprovam o país para sediar outros eventos.

Não sei se estou otimista demais, achando que o momento é ideal para utilizar todas as instalações e a motivação geral para arrebanhar talvez milhares de pessoas e iniciar um garimpo de futuros atletas. Não podemos esquecer que muitos dos atuais estão em fim de carreira.
A competição paralela criada pela mídia, entre Brasil e Cuba, poderia acrescentar as razões pelas quais Cuba se sai tão bem em determinados esportes. São áreas em que o Brasil poderia se tornar potência mundial pois não requerem grandes investimentos. Lutas, algumas categorias do atletismo, etc, dependem de um espacinho, um pedaço de chão e boa vontade.

Num "campinho" de futebol de periferia comportaria centenas de adolescentes correndo, saltando, ao invés de limitar a 22 correndo atras de uma bola.
Nesse campinho poderíamos tirar centenas de "mão de obra do crime" e começar a mudar a imagem da cidade e do país, gerando atletas.
O espaço está aí, a "mão de obra" talentosa por natureza, está aí. Por que não aproveitar as vaias recebidas para ficar constrangido, envergonhado, e fazer algo que seja realmente para melhorar a sociedade, valorizar o pobre, dar a ele mais que esmola, oportunidade?


Padu |

24 de julho de 2007


Pois é.. A disputa na mídia hoje é entre cobrir o Pan e noticiar tudo que ocorre nos aeroportos do país.

O Pan é aquela coisa de sempre: brasileiros otimistas, posando de heróis, fazendo o povo sonhar com medalhas de ouro, etc. E, à medida que transcorrem os jogos, observamos que aqueles que ninguém lembra vão garantindo grandes resultados enquanto os “heróis”, notadamente o futebol, vão dando seus costumeiros vexames.

Não me importa muito esse fato, incomoda mais ouvir os “futeboleiros profissionais” se intitularem “atletas”, sem nem mesmo saber o que isso significa. A maioria deles entram em campo, participam não mais que alguns minutos e precisam de dias para se “recuperarem”... Parece que não assistem jogos de basquete, vôlei, etc. Nem imaginam a vida de treinos intensos de nadadores, velocistas, saltadores, etc.

Enfim, o povo ta feliz, então está tudo bem.. Vamos ver quanto tempo durarão todas essas instalações e se terão algum uso depois dos jogos...

Quanto ao “caos” do transporte aéreo... Bom, lembro de algumas das muitas viagens que fiz. Como ficar por mais de 12 horas num aeroporto, sem possibilidade de sair de lá por ter passado pelo inspeção da Receita e descobrir que é um caminho “one way”. Entrei, não podia mais sair...

Até tudo bem, suporta-se. Mas fechar as lanchonetes, restaurantes? Nem banheiro limpo, nem lugar para se acomodar além das malditas cadeirinhas de plástico duro?? Nem balcão de informações ou da companhia aérea pra informar se sairíamos daquela prisão um dia??

É, um caos sim. Um total e absoluto desrespeito ao cliente, ao ser humano.

A tudo isso soma-se o fato de pilotos (claro que uma minoria) achar que são deuses. Isso porque a grande maioria tem certeza de serem deuses.. Não tenho dúvida que um dia houve esse “glamour” do “novo sistema de transporte”, mas hoje?? Pilotos, motoristas de ônibus ou táxi tem alguma diferença?

Quando viajava e pude muitas vezes observar o trabalho dos pilotos, sentia que tinha minha segurança nas mãos, na capacidade deles. Mas ultimamente sinto que estou pondo minha vida em softers sujeitos a “realizar uma operação ilegal e ser fechado”... Tipo Windows mesmo... A grande diferença é que não surge uma tela azul, mas uma tarja preta.

É o caos... Só que passei por todas essas coisas há mais de 20 anos e não a semana ou o mês passado.

Um acidente aéreo não só é trágico mas causa uma comoção maior, mas visível. Neste final de semana, numa ida a S.Pedro da Aldeia para um churrasquinho com amigos, coincidiu com um evento de motoqueiros. Dois deles nem chegaram. Estabacaram no caminho e ficaram estendidos no meio da pista.

Não vi nenhuma notícia na mídia, não acorreram inúmeros repórteres papagaiando repetidamente a mesma notícia... E, no entanto, sabemos que as mortes no transito (terrestre) põe muito mais almas a voar para o céu.

Uma coisa não justifica nem explica a outra. Morte é morte. Dor é dor.

O que fica é essa sensação de que em nosso país, as providências, a evolução, o aprimoramento só acontece quando tudo está desabando.

O “caos” está atingindo seu limite, mas há anos vem evoluindo.

Incêndios como Joelma e vários outros mudaram leis ou fiscalização de segurança?

Estradas que são verdadeiras armadilhas mortais foram desativadas, refeitas?

Favelas distribuídas por todo o país tiveram um freio ou qualquer solução para que não se tornassem um celeiro de bandidos?

As leis colocaram mais DEVERES aos cidadãos, como profissionais, como pais, como administradores públicos e privados para que se possa criar uma geração mais preparada, mais séria, mais honesta? Ou só tem criado leis onde os DIREITOS não se equilibram com os DEVERES?

Culpa! Culpados! Busca inútil e infrutífera. Antes de apontar o dedo pra que lado seja, precisamos aponta-lo para nós mesmos. Precisamos pensar se, na hora de “se dar bem” pensamos só em nós e na hora “do sufoco” pensamos coletivamente.

Ninguém melhor que os políticos para demonstrar isso. Quando eleitos “se dão bem” e cuidam de “se dar cada vez melhor”.. Quando pegos nas suas falcatruas conclamam seus pares para se unirem e defenderem as “instituições” do país.

Caos aéreo? Soluções? Só enquanto a mídia não tiver outro assunto “palpitante” e que dê um bom retorno financeiro... E o POVO? Bobagem... Esse não tem memória. Só se une para fazer “protestos pacíficos”. Uma coisa é verdadeira: é otimista! Acredita sempre que isso basta para mudar a situação.



Padu |

8 de julho de 2007


O que é um bandido? (3)

O “sem nome”! Todo mundo do meio sabe que depende dele pra garantir os fornecimentos, seja de armas, de drogas, seja para manter o esquema funcionando sem interferências indesejadas. “Ele” não aparece. Não aparece como envolvido, como parte do esquema.

Aparece sim, na mídia, nos eventos, nas páginas de economia de revistas e jornais.. São muitos.. O “Homem” na verdade é um amplo grupo que, muitas vezes, se conhecem por outras ações e não pelo envolvimento em qualquer atividade escusa.

Instruídos, PhDs ou pelo menos, conhecidos e esforçados empresários que fizeram sua fortuna através de muito trabalho, de muita iniciativa empresarial, de arrojo e criatividade.

É.. Mais ou menos isso... Todos eles tem a mesma característica da “vida pública”, de projeção ao mesmo tempo que cuidam de outros interesses, de uma complexidade que só eles são capazes de controlar. Nada do que fazem nessa “segunda” vida é de forma direta, contatos “face-to-face”. Para isso mantem um batalhão de assessores, empregados ou não de suas atividades lícitas.

Nessa atividade, que o público sequer imagina, controlam com grande determinação e muita sutileza todas as áreas que interferem ou participam de seus objetivos. Nunca deixam de prestar seu apoio financeiro às facções políticas, sempre acendendo suas velas para Deus e o Diabo. Sempre garantindo que, seja que for que esteja no poder, será sempre alguém pronto a ter a vista embaçada e o raciocínio prejudicado quando se tratar de investigar as atividades dos “Homens”.

Cuidam eles até de manter um grupo de “imoláveis”, de “fritáveis” prontos a seguirem para o sacrifício se algo der errado. Importante é manter o “Homem” livre de qualquer suspeita, nem que isso acarrete ficar rodando de prisão em prisão, se passando por grande líder das atividades ilegais. Alguns anos de xadres, de exposição na mídia como sendo o “bandido” até são úteis para manter o grupo unido, acreditando que é melhor manter a obediência e os negócios funcionando.

Alem disso, esse sacrifício garante que toda a família do “fritado” possa receber as compensações e manter as engrenagens dos negócios bem lubrificadas.

O “Homem” se projeta nas atividades empresariais, nos apoios que dá à cultura, ao esporte, às entidades benemerentes... Um exemplo de cidadão, claro! Como poderia ele negociar com os “empresários” da Europa Oriental, com os “empresários-agricultores” de Colômbia, Bolívia, etc...garantindo que seus “subordinados” tenham todo o material de apoio e matéria prima pra desenvolver os negócios?

Algum deles já foi suspeito, indiciado, condenado por suas atividades ilegais? Claro que não, como poderia??

O elo que os liga ao chamado submundo não existem. Qualquer subordinado com mais de dois neurônios sabe que é melhor morrer a falar o que seja sobre ele. Isso aqueles pouquíssimos que sabem de sua existência, pois a grande maioria nem imagina para quem realmente trabalha.

Eles estão por aí.. Não há quem não os conheça. Mas também são raríssimos aqueles que sabem de “todas” as suas atividades.

Não se empetecam de ouro e jóias. Seus carros são modernos e potentes, devidamente blindados, mas sem a ostentação típica de marginal que ganha um pouco mais ou de jogador de futebol que quer aparecer.

São sempre eles os primeiros a condenarem a deplorável situação de violência do país. Cuidam até de promover e dar apoio àquelas entidades que lutam de forma tão patética contra a violência e contra as drogas.

É.. O “Homem” é o bandido, sem dúvida!

Mas quem é o “Homem”????

Alguém sabe? Alguém o aponta? Alguém lutará contra ele?

Quem sabe, um dia...



Padu |


O que é um bandido? (2)

“Os caras”!

Quem são “os caras”??? Quando muito podem ser chamados de “base da pirâmide”. São os Fulanos Juniores que mostraram um pouco mais de iniciativa, de “esperteza” e, claro, de maldade, de “colhões” pra pegar um desviado, um traíra ou até um trouxa folgado e mostrar como se pode sofrer na mão de alguém que não aceita ser contrariado. Alguém que sabe obedecer as ordens e não questionar. Não importa se por respeito ou medo mesmo do “chefe”.

Se o “chefe” diz pra reunir o grupo, catar uns carros e partir pra cima dos “inimigos”, entrando na comunidade deles despejando bala, prontos pra matar ou morrer. Prontos pra ganhar o espaço e garantir o chefe como o melhor do mercado. Se não morrer na luta, vai ganhar pois o chefe vai ampliar seu mercado, vai faturar mais e vai sobrar pros “comandados” também..

Então “os caras” são “bucha de canhão”? São bandidinhos de segunda categoria?

De segunda não.. De terceira, quarta, quinta... Pé de chinelo! Manézinho que mal sabe fazer as contas dos ganhos, mal sabe pesar o pó e dividir nos sacolés... Mais um grupo pra fazer a grana entrar pro esquema...

Bom, então o bandido taí.. É o “chefe”!

Não é não....

Ta certo! O chefe conquistou seu espaço e não foi distribuindo flores..Até um Fulano Junior aspira um dia chegar a chefe.. Mas só chega aquele que tem liderança, que se impõe, que faz a galera tremer quando ele está na área. Todo malandro que quer viver não questiona o chefe. Sabe que proteger a pessoa e os interesses do chefe é a melhor forma de garantir o seu, de levar sua parte na grana, de também ser respeitado na comunidade. É, o chefe mete bala na orelha dos desobedientes, mas sabe reconhecer os fiéis, aqueles que matam e morrem por ele, garantindo que no espaço dele ninguém se mete.

Então esse é o cara, o bandido!!

Não é não...

O “chefe” garante o “material” pro grupo vender, cuida para que recebam armas e munição de todo tipo, negocia com outros chefes para a divisão de área, garante a “pensão” pra família quando um do bando “tomba” em serviço... Ele tem suas “responsabilidades”....

Mas ele tem cacife pra negociar no exterior pra “importar” o pó, as armas, munição??

Tem não...O “chefe” é mais um que “evoluiu” oriundo lá das vizinhanças do Fulano Junior...

O “chefe” chefia... Mas presta contas, serve ao “Homem”...Depende do “Homem” pra garantir a circulação e o trabalho do grupo, sem que hajam confrontos maiores com polícia ou outros bandos...

Agora sim! Chegamos no bandido!!!

Chegamos não... Quem é o “Homem”??



Padu |

6 de julho de 2007


O que é um bandido?

Então.. A história começa em um barraco caindo aos pedaços ou um casebre mulambo no meio do nada, não importa..

Fulano tá lá ralando, um bico aqui, outro ali, uma enxada no roçado ou um balde de cimento nas costas... Depois de “carregar pedras” o dia inteiro, o caminho de volta pra casa tem uma escala no botequim, onde os amigos se reúnem para tomar a cachaça de todo dia. Não uma ou duas, mas quantas os caraminguás permitirem...

A conversa é a de sempre: futebol, política, mulher, gozações recíprocas, etc.. Não que Fulano entenda alguma coisa de qualquer dos assuntos, mas com a cara típica de quem já entornou um bocado, discute como se especialista fosse...

O tempo passa, a cachaça sobe e é hora de ir pra casa. Chega, sem o menor saco pra aturar filho e menos ainda pra ouvir a patroa. É tempo de comer um grude e se jogar na cama, aproveitando o porre pra dar uma na dita patroa e, de repente, colocar mais uma cria no mundo.

Entra na história o Fulano Junior... Mal vê o pai, só vê a mãe ralando, correndo atrás de deixar o barraco minimamente habitável e, quase igual ao pai, sem o menor saco pra pensar em filho, se vai a escola, se ta com fome.. Se preocupa em cozinhar o que tiver e enfiar goela abaixo esperando que seja o suficiente para que nenhum deles morra de fome..

Junior então, desde muito cedo, cuida da própria vida. Trata de se mandar de casa antes que sobre serviço ou tabefes. Vai ao encontro de tantos outros juniores que chutam algo parecido com bola pelos espaços disponíveis, empinam pipa se conseguiram material pra fazer uma ou simplesmente ficam à toa..

E nesse “À toa” que a coisa começa a pegar. Eles tem olhos, tem ouvidos e até um mínimo de dicernimento para perceber que não longe deles, tem moleques andando de bicicleta, brincando com uns brinquedos incrementados, vestindo algo mais que os trapos que eles vestem e, pior, com cara de felizes e despreocupados. Talvez isso incomode mais que qualquer outra coisa.

No raciocínio que permite os neurônios prejudicados pela alimentação parca e inadequada, pelos exemplos de desunião familiar, de discussões resolvidas a catiripapos nele, irmãos e mãe, vem a pergunta: por que ele tem e eu não? Por que não sou igual a eles?

A resposta é tão óbvia para ele quanto à conclusão: se tivesse grana não tava aqui nesta merda!

Por “sorte”, aquele canto onde se reúnem os pivetes todos sempre é visitado por uns caras que estão “na boa”... Roupas “da hora”, uns correntões de ouro que dava até pra rebocar um carro de tão parrudos, óculos “raiban” cujo reflexo até ofusca os olhos cheios de inveja e admiração.

São esses caras que podem dar um outro rumo da vida dele. Mas quando circulam por lá, preferem conversar com os mais velhos. E Fulano Junior já perceber que depois de uma conversa com “os caras” aqueles pivetes somem. Acaba o jogos de bola, as brigas de pipas onde o cerol é a arma. Nas raras vezes que aparecem é pra se exibir, mostrar o tênis da moda, um “raiban” diferente, enfim, umas cópias empobrecidas dos “caras”, mas mesmo assim, muito melhor do que os Fulanos Juniores que ainda não tiveram uma conversa com “eles”.

Mas chega o dia em que o escolhido é o Junior. A oferta é clara e simples: “tu vai vender uns bagulhos pros bacanas e levar uns troco legal, pra mudar tua vida”. E quem vai resistir a isso?

Ter grana pra comprar uma bola, incrementar o visual pra se enturmar, até pode rolar uns cordões de outro pra botar banca.. “To nessa, claro!”...

O tempo passa e Junior ta lá ralando no asfalto, entregando os bagulhos pros caras que chegam nos carros bacanas, pegando a grana, que não é pouca e levando pros “caras” que ficam enrustidos nos muquifos. Junior percebe que a parte dele no lance não é tanto quanto pensava. Dá pro gasto mas não pros sonhos.

Mas as conversas com os “colegas” da profissão dão boas dicas.. Ensina pra Junior que o trampo é só parte da coisa, que tem outros “ganhos” junto com a turma, é só pegar o jeito e entrar no esquema.

Aí sim a situação começa a mudar. Circulando na área dos bacanas, vê quantos trouxas dão bandeira andando desligados, sem ver o que acontece em volta. Junior e seu grupinho já estão espertos no lance. Um chega perto, dá um tranco e enquanto o trouxa ta no susto, na surpresa, os outros encostam e levam o que podem. Uma carteira, uma bolsa, um cordão de ouro, um relógio... Fácil.. Sem contar que os “caras” pegam tudo e dão uma grana pelo material.

Agora sim, Junior ta faturando melhor. Mas ainda não tem o par de tênis da hora, não tem grana suficiente pra uns fliperamas...Falta alguma coisa. Mas os amigos estão por aí pra dar apoio, ensinar o ofício, dar os macetes..

E Junior divide seu tempo no expediente dos bagulhos, nas andanças pra faturar uns trouxas nas calçadas e agora já ta no grupo planejando ganhos maiores. Como bom aprendiz já mostrou que tem o jeito pra encarar as dificuldades, os riscos e fazer seu ganho. Vem a promoção!

Ganha uma “ferramenta”, municiada, pronta pra encarar os bacanas pra levar bem mais que uns trocados ou um cordãozinho de ouro. E quem vai encarar? Quem vai bancar o macho com um berro apontado no meio da cara?

Beleza! É só chegar no distraído, enfiar o cano na cara, dar uns berros e o trouxa se borra, larga tudo. Carteira, cartões, cheques, carro.. Junior leva o que quiser, na maior tranqüilidade... A adrenalina do momento, aquele frio no estomago na hora de encarar o ganho é um bônus. Há muito tempo Junior já descobrir que uma cheirada antes do trampo deixa ele invencível, pronto pra encarar qualquer trouxa e, se ele pensar em reagir, ta pronto pra meter uns tecos no cara e levar o ganho.

Tirando a grana que deixa pros “caras”, tanto comissão dos ganhos quanto das carreirinhas, ainda sobra pra curtir, aproveitar a vida. Pai? Mãe? Irmãos? Sabe-se lá....

Junior ta noutra, não tem tempo pra pensar nos derrotados, nos ferrados..

É isso... Quem segue a vida do Fulano Junior já sacou! Isso é um bandido....

É?

Não é não... Fulano Junior é o piso, o peão, o nada que movimenta a arrecadação, um a mais....

Então bandidos são “os caras”?

Vamos ver... Vamos deixar Fulano Junior com seus “ganhos”, sua vida (que ele não sabe) mas será mais curta do que ele pode imaginar e acompanhar um pouco pra saber quem são “os caras”....



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