blogsteiras

4 de outubro de 2004


As vezes fico imaginando se sou muito crítico ou se as coisas que acontecem à nossa volta são mesmo estranhas. Primeiro turno das eleições e juízes eleitorais, mídia, etc, fazendo o maior alarde sobre a "festa democrática", o "exemplo de civismo do povo" e por aí afora.
Mas que democracia é essa onde o voto é obrigatório? Se não vota tem punições variadas?
Não seria "exemplo de civismo" se o comparecimento fosse maciço sem que houvesse a obrigação de votar? Democracia não seria a "liberdade de escolha" ?
Alem disso será que podemos acreditar nas informações que recebemos, que não há manipulações, ora sutis, ora nem tanto?
As pesquisas em SP, por exemplo indicavam empate entre dois candidatos. Eu que trabalhei mais de 30 anos com estatística, zilhões de tabelas, cálculos, sistemas de amostragem aleatória ou dirigida, sigmas positivos e negativos, variabilidade e mais montes de detalhes para se chegar a uma previsão com base em dados colhidos, fico imaginando como numa população de mais de 4 milhões de eleitores se pode fazer afirmações estatísticas com base em 800 a 1000 amostras...
Ora, pra se ter uma precisão de 5% é necessário uma amostra de quase 8% do universo, ou seja, com uma amostragem insignificante como a eleitoral o máximo que se consegue é um "chute", uma "advinhação". E os números oficiais estão aí pra quem quiser confrontar e ver que os acertos são totalmente aleatórios. Claro que os institutos tem todas as explicações, desde matemáticas até esotéricas, pra justificar seus "chutes".
Mas será que ao indicar um "empate" não dirigiram o voto de muitos eleitores, fazendo acreditar que o segundo nas pesquisas realmente tinha alguma chance? Será que se fossem mais precisos e mostrassem que o primeiro colocado estava à frente com boa margem, os eleitores não estariam propensos a "liquidar a fatura" no primeiro turno?
Foi muito curioso ouvir os comentaristas da Globo, por exemplo, discorrerem sobre as "surpresas" nos resultados. Mas será que foram surpresas mesmo? Ou áreas em que o povo ou não viu ou não se importou com o que diziam as pesquisas?
Agora é esperar pra ver o folclórico circo político mostrar suas novas "pérolas". Ver vereadores por todo país se empenhando em questões fundamentais como dar nomes a ruas e praças, instituirem dias comemorativos para coisas que só eles poderiam imaginar, etc..
E sonhar que um dia alguem resolva criar uma Escola Fundamental de Políticos onde se ensine, antes de mais nada, a se comunicarem na língua portuguesa (coisa que a maioria não sabe). E, com sorte, ensinem que praticar política é dedicar seu tempo, talento e esforço para o bem de sua comunidade e não só um emprego (remunerado muito acima da capacidade que demonstram) para benefício próprio.


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